segunda-feira, 16 de maio de 2011

Como estrelas na Terra

Taare  Zaamen  Paar – Toda criança é especial

               “Como estrelas na Terra” conta a história de Ishaan, um menino indiano que tem um grande interesse pela estética visual do mundo, um incrível potencial criativo e por isso poderia ser como uma estrela na Terra. No entanto, ao lado desse potencial mostra uma dificuldade com letras e números que em determinado momento é percebido e considerado como uma dislexia.
                A história não interessa só aos que tem esse problema em casa. É interessante a todos que tem filhos em idade escolar.
               Com o argumento da dislexia, o filme mostra a vida de uma família moderna e como as expectativas de sucesso podem atravessar as relações de pais e filhos e acabar impondo um padrão que, ou se segue com muita angústia (irmão de Ishaan) ou se é excluído ( o próprio Ishaan).
               O modo de ser de Ishaan causa-lhe muitos problemas e ele vive desadaptado da vida escolar, até que chega a ser compreendido. Assim o filme aborda a exclusão em que vivia e seu sofrimento e a gradativa inclusão pelas mãos de um verdadeiro educador. 
                 Veja o trailler:







Sobre Importar-se com alguém diz o professor ao pai de Ishaan:

“Importar-se (com a criança)...Isso é essencial...Tem o poder de curar feridas. Um bálsamo para a dor."
“Se tens medo, vem aqui. Se cair, falhar, estarei ao seu lado”


Vale a pena assistir o filme. Não tem em locadora. Para quem tiver interesse, tenho no consultório para emprestar.
Depois, se quiser, faça um comentário aqui no blog.





domingo, 15 de maio de 2011

Mãe que abraça...

Contra o desamparo no mundo...
                                                                Prescreva:
                                                                Colo de mãe!



Contra os riscos do infinito...
         Indique:
         Colo de mãe!
                                                                  No medo da noite ou dor de ouvido...
                                                                                        Indispensável:
                                                                                         Colo de mãe!



domingo, 20 de março de 2011

Ler só serve aos sonhadores !

Há tempos desejo propor alguma reflexão sobre leitura. Mas, a importância de ler, o valor da leitura, o poder transformador da leitura já tão estudados, pensados ....e, divulgados...
Em tempos de supermídias encontrei boas propagandas da leitura que publico a seguir. Quase desisti da reflexão, de tão boas que são:
 Quando ironicamente falam do seu poder humanizador:

ou
Quando falam de seu poder  na formação da sensibilidade:


        Em viagem ao nordeste, em uma praia observei uma família, mãe e duas filhas que aproveitavam o sol, o mar, lendo; as três, o tempo todo. Pensei que hoje, com todas as possibilidades audiovisuais que temos, ler só tem chance se for sentido como um lazer. Mas qual o caminho para que uma criança e depois um jovem encarem, sintam a leitura como possibilidade de lazer?
         Observando alguns jovens que gostam de ler e têm a leitura inserida em seu dia-a-dia  percebi que  eles têm características em comum: são questionadores, às vezes angustiados curiosos do humano. Não são assim porque lêem, mas lêem porque buscam incessantemente interpretar o mundo e compreender... Buscam com o mesmo vigor com que jogam e brincam... Buscam nos livros, no cinema, na cultura. Nessa condição a leitura traz um prazer especial e pode ser curtida como lazer...
        Assim, não basta incentivo a leitura e acesso aos livros. São necessários, mas não suficientes: Há que incentivar o questionamento.
        Diria que é necessário plantar uma inquietação com o sistema, cultivar uma interioridade, semear uma identificação com os conflitos humanos....


terça-feira, 8 de março de 2011

MULHERES

RESISTÊNCIA     
© Foto de Guinaldo Nicolaevsky.
A menina que se negou a cumprimentar o ex-presidente João Figueiredo, Belo Horizonte. 1979
LUTA
Foto de Willy Ronis. A sindicalista Rose Zehner durante greve na Citroën. França, 1938.
CORAGEM!
© Foto de Oded Balilty. Judia tenta sozinha conter o exército israelense que expulsava colonos ilegais da Cisjordânia, 2007.










MODERNIZAÇÃO - 2011                 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Independenciazinha !

"Embora de pano, (Emília) encarna a autonomia de pensamento que sempre vem acompanhada de muita crítica, curiosidade e criatividade. Assim, quer ver, quer saber e tem seu modo particular de interpretar.
Sendo de pano, está dentro e fora da espécie humana, o que lhe confere o distanciamento necessário para apurar sua crítica.
Ela é descrita como uma tirana sem coração, interesseira e incompreensível : faz coisas de louca e também faz coisas que espantam de tão sensata.
Na realidade o que Emília é, é isso : uma independenciazinha de pano!" *

         São essas características: curiosidade, crítica, autonomia de pensamento... que queremos com a educação. Em um mundo em que o volume de informação é infinito e em que essa informação está disponível, tornou-se ainda mais importante  o desenvolvimento de atitudes, e são essas características que são importantes, ao lado obviamente das questões éticas.
        Por isso, sou fã da Emília, pelo que representa, na infância: a alegria de descobrir o mundo, a liberdade para questionar o que está determinado, a segurança para inventar...
Selecionei um trecho de "A chave do tamanho". Vejam que danadinha...

PÔR-DO-SOL DE TROMBETA
- O pôr-do-sol de hoje é de trombeta – disse Emília, com as mãos na cintura, depezinha sobre o batente da porteira onde, naquela tarde, depois do passeio pela floresta, o pessoal de Dona Benta havia parado. Eles nunca perdiam ensejo de aproveitar os espetáculos da natureza. Nas chuvas fortes, Narizinho ficava de nariz colado à janela, vendo chover. Se ventava, Pedrinho corria à varanda com o binóculo para espiar a dança das folhas secas – “quero ver se tem saci dentro.” E o Visconde dava explicações científicas de todas as coisas.
O pôr-do-sol daquele dia estava realmente lindo. Era um pôr-do-sol de trombeta. Por quê? Porque Emília tinha inventado quem em certos dias o Sol “tocava trombeta a fim de reunir todos os vermelhos e ouros do mundo para a festa do ocaso.” Diante dum pôr-do-sol de trombeta ninguém tinha ânimo de falar, porque tudo quanto dissessem saía bobagem. Mas Dona Benta não se conteve.
- Que maravilhoso fenômeno é o pôr-do-sol! – disse ela.
Emília deu um pisco para o Visconde por causa daquele “fenômeno”, e resolveu encrencar.
- Por que é que se diz “pôr-do-sol”, Dona Benta? – perguntou com o  seu célebre ar de anjo de inocência. Que é que o Sol põe? Algum ovo?
Dona Benta percebeu que aquilo era uma pergunta armadilha, das que forçavam certa resposta e preparavam o terreno para o famoso “então” da Emília.
- O Sol não põe nada, bobinha. O Sol põe-se a si mesmo.
- Então ele é ovo de si mesmo. Que graça!
Dona Benta teve a pachorra de explicar.
- “Pôr-do-sol” é um modo de dizer. Você bem sabe que o Sol não se põe nunca; a Terra e os outros planetas é que se movem em redor dele. Mas a impressão nossa é de que o Sol se move em redor da Terra – e portanto nasce pela manhã e põe-se à tarde.
Estou cansada de saber disso--- declarou  Emília 


*"A escrita do Eu" Eliane Zagury

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

De volta a escola

De volta a escola

Um dia, uma Escola decidiu fazer uma pesquisa entre seus alunos para avaliar seus gostos e desgostos no dia-a-dia da escola. Em quatro perguntas:
O que você mais gosta, o que você menos gosta na escola, o que você quer que tenha mais, o que você quer que tenha menos.
Muitas foram as respostas: queriam piscinas maiores, quadras cobertas, etc. Mas um deles me chamou a atenção e provocou reflexão. Era assim: 
1)      O que você mais gosta?
R: Recreio
2)      O que você menos gosta?
R: Aula
3)      O que você quer que tenha mais?
R: Recreio
4)      O que você quer que tenha menos?
R: Aula
Simples assim!
Atenção, os questionários eram identificados e se tratava de um bom aluno. Claramente a opinião dele resumia a de muitos outros. Talvez todos.
Não gostam de aprender? Não querem?
Jean Piaget que estudou intensamente o desenvolvimento e a aprendizagem diz que há um movimento natural em busca do conhecimento. O conceito de sujeito cognoscente refere-se  ao sujeito que busca conhecimento e se desenvolve resolvendo os desafios do ambiente.
Não é difícil observar isso: os bebês exploram tudo, levam tudo a boca para conhecer, querem pôr a mão em tudo, até nas tomadas. Jogam longe os brinquedos vendo se voltam, se rodam.
Freud ao descrever as fases do desenvolvimento define que ao elaborar o complexo de Édipo, a criança entra em um período chamado latência, no qual forças afetivas ficam como que adormecidas e o interesse volta-se para o mundo.
Vemos essa curiosidade quando as crianças observam a natureza, quando fazem muitas perguntas, quando chutam a bola muitas vezes até acertar, investigando a melhor posição, a força necessária para acertar o gol.
Ficam interessados sim no mistério dos planetas, na vida dos animais, na história das coisas, nas aventuras dos homens.
Agora, no substantivo? Que é o nome de todas as coisas??? É difícil.
Daí sim tem que ter um bom recreio, para suportar o período de aula.
E no recreio, brincar e interagir: é o que mais querem. Transborda interação pra dentro da sala de aula nas conversas, nas brincadeiras.
 Conheço grandes professoras que transformam matemática em jogo, história em aventura, biologia em pesquisa da vida, geografia em plano de viagem.
A todos, alunos e professores um bom ano letivo!
Que venha 2011!








quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sobre tragédias no mundo

Trabalho em argila- autor de 8 anos

“Novo bombardeio de Londres, vovó. Centenas de aviões voaram sobre a cidade. Um colosso de bombas. Quarteirões inteiros destruídos. Inúmeros incêndios. Mortos a beça.
O rosto de Dona Benta sombreou. Sempre que punha o pensamento na guerra ficava tão triste que Narizinho corria a sentar-se em seu colo para animá-la. Não fique assim vovó. A coisa foi lá em Londres, muito longe daqui.
--- A humanidade forma um só corpo...Uma bomba que cai numa casa em Londres e mata uma vovó de lá, como eu, e fere uma netinha como você, ou deixa aleijado um Pedrinho de lá, me dói tanto como se caísse aqui.... Meu coração anda cheio de dor de tantas avós e mães que choram a morte de seus filhos e netinhos.” Monteiro Lobato ( A chave do tamanho)


Trabalho em argila -autor de 8 anos
“...Que feliz deve ser quem pode pensar na infelicidade dos outros!
Que estúpido se não sabe que a infelicidade dos outros é deles.
E não se cura de fora ..."
Fernando Pessoa

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo




UM ANO FELIZ PARA TODOS !!!






Final de ano, suscita pensarmos no que passou naquele período que termina e o que queremos para o próximo, que se inicia.

E desejamos um Feliz próximo ano. Em um dia, o ano fica passado e o próximo ainda é futuro.

O momento me faz refletir e aqui compartilho: o que desejamos para as crianças. O que seria um ano feliz para eles?

Fiquei pensando como seria se a grande tarefa dos pais e das famílias fosse fazer seus filhos felizes, felizes no presente.

É claro que todos querem que os filhos sejam felizes, mas, as vezes se preocupam mais com seu futuro e com sua preparação para ele do que com a alegria do agora.

Às vezes não sabemos muito bem o que precisa para ser feliz no futuro.

Imaginando como seria: é claro que,nada pode ser feito para alegrá-los no presente que fosse prejudicá-los no futuro, então, balas e doces tem que ter moderação, tarefas da escola não podem ser suspensas por causa das notas e do futuro. A TV também, não poderia ser totalmente liberada, pelo prejuízo que pode trazer.

Mas poderiam ficar no colo o quanto quisessem, dormir a vontade e até na cama dos pais se gostassem ou precisassem. Brincariam bastante, poderiam até ficar sem fazer nada.

Jogariam muita bola, iriam para a praia...não precisariam dos compromissos penosos que os prepara para o futuro, só os que gostassem.

Mesmo que não mudasse tanto seu cotidiano, mudaria sim a preocupação dos pais e suas relações com as crianças.

Pensariam muito em que coisas gostosas precisariam fazer para alegrar os filhos: fariam muito carinho, cafuné, jogariam, abraçariam,dançariam, conversariam...pensariam em surpresas escondidas, teriam que prestar atenção para ir descobrindo como alegrá-los, e do que precisavam.

Ficção a parte, se a infância é vista como época de preparação para o futuro, ela deixa de ser vivida como infância.

Além disso, as crianças que são felizes estão mais bem preparadas para o futuro.

Desejo a todos: FELIZ 2011!


Cortar o tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente

Carlos Drummond de Andrade