domingo, 20 de março de 2011

Ler só serve aos sonhadores !

Há tempos desejo propor alguma reflexão sobre leitura. Mas, a importância de ler, o valor da leitura, o poder transformador da leitura já tão estudados, pensados ....e, divulgados...
Em tempos de supermídias encontrei boas propagandas da leitura que publico a seguir. Quase desisti da reflexão, de tão boas que são:
 Quando ironicamente falam do seu poder humanizador:

ou
Quando falam de seu poder  na formação da sensibilidade:


        Em viagem ao nordeste, em uma praia observei uma família, mãe e duas filhas que aproveitavam o sol, o mar, lendo; as três, o tempo todo. Pensei que hoje, com todas as possibilidades audiovisuais que temos, ler só tem chance se for sentido como um lazer. Mas qual o caminho para que uma criança e depois um jovem encarem, sintam a leitura como possibilidade de lazer?
         Observando alguns jovens que gostam de ler e têm a leitura inserida em seu dia-a-dia  percebi que  eles têm características em comum: são questionadores, às vezes angustiados curiosos do humano. Não são assim porque lêem, mas lêem porque buscam incessantemente interpretar o mundo e compreender... Buscam com o mesmo vigor com que jogam e brincam... Buscam nos livros, no cinema, na cultura. Nessa condição a leitura traz um prazer especial e pode ser curtida como lazer...
        Assim, não basta incentivo a leitura e acesso aos livros. São necessários, mas não suficientes: Há que incentivar o questionamento.
        Diria que é necessário plantar uma inquietação com o sistema, cultivar uma interioridade, semear uma identificação com os conflitos humanos....


Um comentário:

  1. Não diria que basta um incentivo ao questionamento do mundo em geral para a formação de novos leitores. Imagino que leitores, inicialmente, sejam movidos simplesmente por si quando a possibilidade de se autoconhecerem lhes é garantida e, talvez até mais do que isso, protegida (será que não é o caso do garotinho do vídeo de cima)

    Nesse sentido (apesar de um pouco extremo): "Porque influenciar uma pessoa é dar a ela a própria alma. (...). Ela se torna um eco da música de outrem, ator de um papel não escrito para ela. O objetivo da vida é o autodesenvolvimento; é perceber, com perfeição, nossa natureza... é para isso que estamos aqui, cada um de nós. Mas, hoje em dia, as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram-se da mais elevada das obrigações, a obrigação que devemos a nós mesmos. Mas, é claro, são caridosas. Alimentam os famintos, vestem os mendigos. A alma delas, entretanto, sente fome, está nua. A coragem desapareceu desta raça e, talvez, jamais tenha existido em nós. O terror da sociedade, base de toda moralidade, o terror de Deus, segredo da religião... são essas duas coisas que nos governam..."

    Hoje, do modo como a sociedade se constui e das constantes e incessantes relações interpessoais que ocorrem (vide a proliferação de redes sociais etc), dá-se importância demasiada, talvez, ao modo como SE É percebido e não como SE percebe (o que, de fato, não deixa de ser uma "curiosidade do humano").

    A segunda acaba sendo subvalorizada desde a infância ante o seguimento e temor a diversos outros dogmas e premissas e acaba-se por minar peremptoriamente qualquer questionamento dai em diante.

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